Morar fora é uma história sobre perdas e ganhos, mas voltar ao Brasil está fora de questão

Originalmente publicado em março de 2017, no Projeto Draft, sendo um dos posts mais lidos do portal

Amigo, morar fora do Brasil não é brincadeira. Pelo menos para mim nunca foi. Você deixa para trás mãe, pai, irmãos, tios, primos, amigos, cachorro, casa, trabalho, festas, comida boa, sol, Mata Atlântica, livros, CDs e tudo mais o que define a sua forma de se relacionar com o mundo. É como se aquele arcabouço pessoal de referências e influências já não existisse mais. É o fim do mundo como até então você o conhece. Aí você me pergunta: então, por que raios você vai morar fora? A resposta é simples: a vida chama, meu caro.

Recentemente, li que esse desejo de explorar novos lugares pode ser uma herança genética de nossos ancestrais nômades. Vai saber. O fato é que esta é a segunda vez em que estou morando fora Brasil. Apesar do mimimi do parágrafo anterior, não tenho muito do que reclamar. Se é verdade que a gente perde muito quando resolve dar esse passo gigante na vida, também é claro o ganho proporcionado pelas novas experiências.

Essa relação paradoxal de se ganhar com aquilo que se perde ficou muito clara para mim na primeira vez que me mandei do país, lá em 2005. Fui para Londres, o centro do mundo, com o objetivo de aprender o inglês e conhecer os ingleses. Também aproveitei para fazer cursos livres na área do jornalismo com colaboradores da BBC, mas isso foi apenas um efeito colateral dos quatro anos do meu – digamos assim – intercâmbio.

Ao chegar em Londres, tomei uma injeção intramuscular dolorida, necessária e com efeitos para a vida toda: a do subemprego Viver a vida das pessoas invisíveis te força a ver as coisas de uma perspectiva diferente. Em outras palavras, lavar pratos e limpar banheiro sujo de restaurante ensinam qualquer meninão de classe média a respeitar aqueles que, no dia a dia, passam despercebidos.

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